"A verdadeira viagem não está em sair a procura de novas paisagens, mas em
possuir novos olhos" (Marcel Proust)







quarta-feira, 30 de março de 2011

Parênteses I: Novamente a bordo


Já fazia muito tempo desde meu último tranquilo sono. Aguardar uma data de embarque é o mesmo que esperar o resultado daquela tão esperada entrevista de emprego. Você fica de olho no telefone e na caixa de e-mails, roendo as unhas de tanta ansiedade e chegando a pensar que talvez seja a hora de aplicar o plano B. A princípio, o combinado era que eu embarcasse no porto da minha cidade. Sim, a última parada do MSC Música antes de fazer a travessia para a Europa será em Fortaleza, dia 2 de abril. Infelizmente, de acordo com o que me fora informado - e pelo que entendi, as autoridades locais não permitem alguns tipos de embarque naquele porto. Ou seja, tive que seguir ao Rio de Janeiro para conseguir embarcar.
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Diante de tantas adversidades que a vida impõe, as piores são as que o nosso pessimismo energiza. Então, mesmo quando a mudança não for tão boa quanto se espera, o melhor é encarar o fato como uma chance de novas possibilidades. Foi dureza aprontar tudo em cinco dias, mas deu certo. Dia 25 de março (2011), coloquei minhas malas no carro e fui comemorar junto da família e amigos a minha nova aventura. Parando pra pensar, agora até me considero corajosa.
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Depois de muitas despedidas, e agradeço novamente aos que não deixam de me pretigiar, embarquei num vôo para a "cidade maravilhosa" (com conexão em Brasília). Fui na janela (foto), mas fiquei frustrada porque o lado que eu estava não era o do que o sol nascia. Em Brasília, um rapaz surtou no aeroporto gritando escandalosamente que ia derrubar o avião com uma bomba. Fiquei indignada como a segurança do local e a Polícia Federal demoraram a agir. Se o sistema é falho na capital do Brasil, imagino o que deve acontecer pelo resto do país. E ele ainda dizia "Me prendam! Venham me prender!".

                                /por Gabriela Santana
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Aterrissando no Aeroporto de Santos Dumont, fiquei impressionada quão próximo ele é do porto. Encontrei-me com uma prima querida e seu namorado, visitei o apartamento deles e demos algumas voltas na Lapa. Geralmente, quando se pega um vôo pela madrugada veste-se roupas mais quentinhas. Entretanto, eu sabia que ia estar calor quando chegasse no Rio, sendo assim, coloquei uma bermuda, uma camisa leve e calcei uma sandália confortável. Para aquecer, um casaco básico foi o bastante. Estava frio, mas dava pra sobreviver.
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A última vez que andei nas ruas do Rio de Janeiro, tinha apenas 15 anos. Lembro que optei por festejar meu aniversário no Rock in Rio (2001), ao invés de ter algo tradicional. Confesso que não curti aquela multidão de 250 mil pessoas, e nem o excesso de cuidado ao caminhar pela cidade. Por outro lado, passear a pé pelo centro com os meus "guias" foi realmente fabuloso. Observei tudo com uma nova perspectiva.
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Já era sábado, dia 26 de março, quando subi a bordo do MSC Música. Como já tenho a experiência do contrato anterior, não havia nada de muito novo. O peso da mala, só percebi realmente quando tive que arrastá-la do hall do porto até a gangway do navio. Daí, lembrei que no check-in foi registrado 11 kg de sobrepeso. Fiquei pensando quem era que eu estava carregando dentro da minha bagagem - muita gente se ofereceu pra estar dentro dela!

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