Findadas as dúvidas em outros posts, já é de conhecimento geral o abismo que separa a comida dos passageiros do que é servido nos bastidores. Imagino a curiosidade de todos em saber o que acontece com o que sobra no buffet e no restaurante a la carte. Diariamente, toneladas e toneladas de comida passam por um processo de limpeza e trituração até serem despejadas no mar, a milhas de distância da costa. O mesmo acontece com o lixo e dejetos. Não sou especialista nisso, mas é bom saber que existem várias leis em favor do meio ambiente determinando os tipos de resíduos, a espessura que devem estar após triturados, e a que distância devem ser largados.
Por mais absurdo que pareça, alimentação é um dos tópicos mais polêmicos a bordo. Para começo de conversa, é proibido conservar comida na cabine. Havendo inspeção, e dependendo do que possa ser encontrado, é uma advertência propícia ao desembarque. O ideal é que a alimentação servida no Crew Mass (estilo self-service) fosse adequada. Infelizmente, nem o menos dos exigentes com comida aguenta muito tempo em pé sem correr à lanchonete mais próxima do porto, ou apelar para complexos vitamínicos. Para os que trabalham no buffet e restaurante é mais fácil lidar com a situação. Contanto que não sejem pegos por um oficial ou superior - e estes costumam ser nada compreensivos - é possível comer disfarçadamente dentro da pantry (despensa de navio). Aos que não têm esse acesso, existe o sistema da máfia da comida. Seja por amizade, influência, ou troca por outro tipo de máfia, é bastante comum tal irregularidade.
Dentro dos bolsos, por debaixo das calças e saias, amarrada nos tornozelos, em saco de roupas sujas, não importa a forma. Os tripulantes evoluem com novas idéias e maneiras de transportar comida – entre outras coisas – e, como já dizia Goethe, provando que “Poderosa é a lei; mais poderosa, contudo, é a necessidade”.