"A verdadeira viagem não está em sair a procura de novas paisagens, mas em
possuir novos olhos" (Marcel Proust)







segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Consultando o tarólogo...

Da mesma forma que para os futuros tripulantes não há garantias de sucesso e adaptação a bordo, a agência de recrutamento também tem uma visão embaçada sobre o futuro daquele candidato. Não é como se facilmente pudéssemos voltar pra casa após um dia duro de trabalho. Principalmente para quem mora distante dos portos por onde os navios passam, desistir do contrato é um investimento que custa caro. Quando fui na agência Rosa dos Ventos (em Fortaleza-Ce), percebi que era uma boa candidata por me comunicar bem e falar outras línguas. No entanto, senti que o entrevistador ficou na dúvida se eu suportaria a pressão, o trabalho braçal e a carga horária. Mas eu estava determinada a superar tudo, e com inúmeros argumentos e tom de voz resoluto, mostrei por A+B que eu era uma boa opção. Depois de passar por essa fase, restava-me esperar pelo STCW (Standards of Training, Certification and Watchkeeping), um curso básico e obrigatório de segurança e sobrevivência em alto-mar. De acordo com a agência, adquirindo este certificado e o resto da documentação necessária, só dependia de mim querer ou não embarcar. O problema é que não era sempre que ministravam esse curso por aqui. Vinha alguém autorizado pela Capitania dos Portos (Marinha do Brasil), lá do Rio de Janeiro, e ainda não havia data confirmada para o resto do ano de 2009.
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Em outubro, já sabendo dos meus planos de embarque, a empresa na qual trabalhava me deu xeque-mate. Isso não foi de todo ruim. Financeiramente, eu possuía reservas e não havia contas que dependessem do meu dinheiro. Só tinha que segurar a barra dentro de casa, a pressão emanada pelos meus pais sobre o que faria do meu futuro. Tentávamos conversar a respeito, mas eu acabava apelando para desculpas e subterfúgios justificando o que mais parecia férias. Eu estava desempregada, a espera de algo que não tinha data. Para completar, minha vida pessoal também não estava nada bem. Mesmo assim, resolvi encarar a crise de frente e ter paciência. Afinal, já era quase final do ano, e procurar algum tipo de trabalho temporário não me renderia fruto algum que valesse a pena. Esse argumento era pra convencer apenas a mim mesma. 
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Acredite se quiser, cheguei a visitar um tarólogo. Não que eu dê a isso crédito piamente - quem me conhece sabe que sou fã de horóscopo também -, mas as cartas servem como terapia alternativa. Se não quiser pagar um psicólogo, vá ao tarólogo. Se a pessoa for boa mesmo, pode te dizer coisas sobre o seu passado, presente e futuro que, no mínimo, te farão refletir. Além da diversão garantida, é claro. Não é sempre que nos encontramos com alguém que pode, ou não, ter a chave das portas da esperança. 
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Por fim, depois de quase dois meses de espera, veio a data do curso e as coisas começaram a se encaixar.    

Um comentário:

  1. "...cheguei a visitar um tarólogo. Não que eu dê a isso crédito" Rsrs!
    Li em algum lugar, certa vez, que uma repórter se surpreendeu ao visitar a casa do grande físico Niels Bohr, em Copenhagen, por vez uma ferradura pendurada atrás da porta. Ela perguntou se ele era supersticioso. Ao que ele respondeu: "Não. Mas dizem que ela dá sorte pra quem não acredita nisso."
    Rsrs
    ;-)

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